A 18 de Abril publiquei este post. Volto a publicá-lo porque me cruzei com outra "Ana". Afinal parece que existe um pouco da Ana em cada um de nós...
Diz-se que as conversas são como as cerejas. Umas levam a outras e quando damos por isso nem nos lembramos do que falávamos inicialmente.
Falo disto porque no outro dia encontrei-me com uma amiga que não via há muito. Telefonei-lhe a convidá-la para aproveitarmos o dia de sol com que esta tímida Primavera nos brindou.
Acabamos por jantar na Taberna do Chiado, um espaço que aprecio particularmente, e entre atropelos para mantermos a conversa em dia falamos da Ana. O que tem a Ana de especial?
Nada, a não ser a especificidade que é própria de cada um de nós, enquanto seres humanos. Na nossa maldade, intrínseca à juventude ou a cada um de nós, costumávamos apelidá-la de “lerda”. Confesso que por vezes a achava irritante, desinteressante e chata. Até um dia…
A Ana sempre foi tão banal como eu ou outra qualquer, não fora a particularidade de ser capaz de amar intensamente, acreditar no amor e ter esperança que um dia encontraria um príncipe encantado que a protegeria e faria feliz. Penso agora se, no mais íntimo do nosso ser, não achamos todas que isso é possível, mesmo quando a maturidade, o quotidiano e a frieza da vida nos mostram que esta é uma dança, por vezes desafinada, sem que necessariamente seja um drama.
Há muito tempo atrás, talvez 20 anos, a Ana soube que o seu grande amor se ia casar. Para ele, a Ana era a colega “especial” com quem brincava e até achava piada quando ela corava, assim que ele se aproximava. Para ela, ele representava o seu imaginário; a materialização dos personagens dos livros e dos filmes de amor que preenchiam o enorme vazio que crescia dentro dela.
Quando soube que ele ia casar, escreveu-lhe uma carta tão cheia de erros como de amor; não sei se inspirada na literatura ou se conseguiu materializar o que vivia dentro dela.
Uns riram-se, outros ficaram impávidos, eu, pela primeira vez, senti uma enorme ternura pela Ana.
Um dia encontrei-a, na sua inocência em corpo de mulher apressou-se a dizer-me: estou outra vez apaixonada. Queres saber quem é ele? Não queria mas ali fiquei a ouvi-la a descrever-me porque tinha a certeza que ele também a amava. Para fazer conversa perguntei-lhe: - então já esqueceste o Rui?
- Não devemos amar quem não nos ama; ele seguiu a sua vida e agora sei que não gostava de mim. Não achas um disparate uma mulher gostar de um homem que é feliz com outra?
A Ana foi mais sábia do que eu, não obstante a sua debilidade: declarou o seu amor, vestiu-se de preto no dia do casamento do Rui, tal como vira num filme, e depois seguiu a sua vida.
Não sei quantas vezes mais se apaixonou, desapaixonou, sofreu, chorou, acreditou ou partiu o seu coração, mas isso importa?
Porque falamos da Ana?
Disse-me a Luísa, que a tinha encontrado, já com alguns cabelos brancos, como quase todas nós, com o mesmo sorriso e brilho no olhar que sempre a caracterizou. Na paragem de autocarro segredou à Luísa, estás a ver aquele senhor ali? Encontro-o todos os dias e ele sorri para mim, não achas que me ama?
Mas isso foi antes, porque a Ana morreu. Eternamente apaixonada, sempre em busca do amor.
Um brinde à Ana e a todas as sábias “Anas” que conseguem sobreviver à derrota do amor, voltando a amar com o mesmo fervor como se fosse a primeira vez e nunca tivessem sido devastadas.

História comovente!
ResponderEliminarQuantas Anas haverá por aí?
Abraço
Um brinde a tantas Anas que por aí há.
ResponderEliminarBjs
Brindo contigo, é uma sábia filosofia de vida...
ResponderEliminarPois... a sabedoria de "simplesmente" ou "inocentemente" amar... sei lá!
ResponderEliminarA minha vénia, Ana(s)!!!
gostei deste texto muitº
ResponderEliminarEra bom... mas isto, ao fim de umas tentativas... já não se consegue ser crente como a Ana ;)
ResponderEliminarBjos
Olá
ResponderEliminarTb me chamo Ana, para o bem e para o mal.
Bjs
Se me permite vou citar partes deste seu post no meu blog
ResponderEliminar