Subia para o barco quando ouvi a frase "A gente assim lixa-o". Era um senhor ao telemóvel. Não sei o contexto mas sei que a frase ecoou em mim ao longo dia. Uma frase que soa, quanto a mim, ao pior que o ser humano tem dentro de si.
Quem seria a vítima? um colega, um amigo? seria realmente vítima?
De que massa somos nós feitos, ou alguns de nós - para sentirmos satisfação perante tal afirmação "a gente assim lixa-o...". Claro que é apenas uma frase fora de contexto, mas assustou-me.
Quiçá por trás desta frase até pode haver justiça, porém, dita assim e escutada de uma forma isolada pelos meus ouvidos, descodificada pelo meu cérebro desencadeou uma série de pensamentos sobre os sentimentos.
Quiçá por trás desta frase até pode haver justiça, porém, dita assim e escutada de uma forma isolada pelos meus ouvidos, descodificada pelo meu cérebro desencadeou uma série de pensamentos sobre os sentimentos.
Todos querem vencer, todos querem marcar "pontos", ficar por cima...
Deixamos de ensinar valores básicos e essenciais para a estrutura de cada um, enquanto humanos. Muitas culturas, desde cedo, ensinam às suas crianças a conviver com a morte. Sim, somos mortais!
À escala do planeta, 80 ou 90 anos de vida não representa nada; para nós é uma vida. Porque não torná-la mais digna, começando por nos tornar mais dignos em termos de sentimentos e atitudes.
"A gente assim lixa-o..." é uma frase forte, como um presságio. Hitler terá dito, sobre os judeus, "vamos exterminá-los?"; era megalómanos, sobre algum amigo terá dito "vou lixá-lo?."
Estou a ler "Tudo o que eu tenho trago comigo"; talvez o sr do barco o devesse ler, todos o devíamos ler para que não esqueçamos que, quando o universo quer, frases como "a gente assim lixa-o" podem perder o significado ou não ter qualquer peso.
O lado do vencedor e o lado do vencido, do lixado e do lixador são tão díspares...Nada com o nos colocarmos sempre no outro lado.