29/09/2010

Poesia: Um homem na cidade


Kelly Rae Roberts.
Hoje só uma poesia de Ary...


Agarro a madrugada
como se fosse uma criança
uma roseira entrelaçada
uma videira de esperança
tal qual o corpo da cidade
que manhã cedo ensaia a dança
de quem por força da vontade
de trabalhar nunca se cansa.

Vou pela rua
desta lua
que no meu Tejo acende o cio
vou por Lisboa maré nua
que se deságua no Rossio.

Eu sou um homem na cidade
que manhã cedo acorda e canta
e por amar a liberdade
com a cidade se levanta.

Vou pela estrada
deslumbrada
da lua cheia de Lisboa
até que a lua apaixonada
cresça na vela da canoa.

Sou a gaivota
que derrota
todo o mau tempo no mar alto
eu sou o homem que transporta
a maré povo em sobressalto.

E quando agarro a madrugada
colho a manhã como uma flor
à beira mágoa desfolhada
um malmequer azul na cor.

O malmequer da liberdade
que bem me quer como ninguém
o malmequer desta cidade
que me quer bem que me quer bem!

Nas minhas mãos a madrugada
abriu a flor de Abril também
a flor sem medo perfumada
com o aroma que o mar tem
flor de Lisboa bem amada
que mal me quis que me quer bem!
Ary dos Santos
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28/09/2010

Estatísticas curiosas...













Um pouco de humor, um pouco de ridículo...


criancas-pulando-corda

Situação  1: O fim das férias.
Ano 1980:
Depois de passar 15 dias com a família num parque de campismo, numa caravana puxada por um  Fiat 600 pela costa de Portugal, terminam as férias. No dia seguinte vai-se trabalhar.
Ano 2010:
Depois de voltar de Cancún de uma viagem com tudo pago, terminam as férias. As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão, síndrome pós-férias, seborreia e caganeira.
Situação  2: Chega o dia de mudança de horário de Verão para Inverno.
Ano 1980:
Não se passa nada.
Ano 2010:
As pessoas sofrem de distúrbios de sono, depressão e falta de vontade de trabalhar.
Situação  3: O Pedro está a pensar ir até ao monte depois das aulas, assim que entra no colégio mostra uma navalha ao João, com a qual espera poder fazer uma fisga.
Ano 1980:
O director da escola vê, pergunta-lhe onde se vendem, mostra-lhe a sua, que é mais antiga, mas que também é boa.
Ano 2010:
A escola é encerrada, chamam a Polícia Judiciária e levam o Pedro para um reformatório. A SIC e a TVI apresentam os telejornais desde a porta da escola.
Situação  4: O Carlos e o Quim trocam uns socos no fim das aulas.
Ano 1980:
Os companheiros animam a luta, o Carlos ganha. Dão as mãos e acabam por ir juntos jogar matrecos.
Ano 2010:
A escola é encerrada. A SIC proclama o mês anti-violência escolar,
O Jornal de Notícias faz uma capa inteira dedicada ao tema, e a TVI insiste em colocar a Moura Guedes à porta da escola a apresentar o telejornal, mesmo debaixo de chuva.
Situação  5: O Jaime não pára quieto nas aulas, interrompe e incomoda os colegas.
Ano 1980:
Mandam o Jaime ir falar com o Director, e este dá-lhe uma bronca
de todo o tamanho. O Jaime volta à aula, senta-se em silêncio e não
interrompe mais.
Ano 2010:
Administram ao Jaime umas valentes doses de Ritalin. O Jaime parece um Zombie. A escola recebe um apoio financeiro por terem um aluno incapacitado.
Situação  6: O Luis parte o vidro dum carro do bairro dele. O pai dá-lhe uma boas bofetadas.
Ano 1980:
O Luis tem mais cuidado da próxima vez. Cresce normalmente, vai à universidade e converte-se num homem de negócios bem sucedido.
Ano 2010:
Prendem o pai do Luís por maus-tratos a menores. Sem a figura paterna, o Luís junta-se a um gang de rua. Os psicólogos convencem a sua irmã que o pai abusava dela e metem-no na cadeia para sempre. A mãe do Luís começa a namorar com o psicólogo. O programa da Fátima Lopes mantém durante meses o caso em estudo, bem como o Você na TV do Manuel Luís Goucha.
Situação  7: O Zézinho cai enquanto praticava atletismo, arranha um joelho. A sua professora Maria encontra-o sentado na berma da pista a chorar. Maria abraça-o para o consolar.
Ano 1980:
Passado pouco tempo, o Zézinho sente-se melhor e continua a correr.
Ano 2010:
A Maria é acusada de perversão e desvio de menores e vai para o desemprego. Confronta-se com 3 anos de prisão. O Zézinho passa 5 anos de terapia em terapia. Os seus pais processam a escola por negligência e a Maria por trauma emocional, ganhando ambos os processos. Maria, no desemprego e cheia de dívidas suicida-se atirando-se de um prédio. Ao aterrar, cai em cima deum carro, mas antes ainda parte com o corpo uma varanda. O dono do carro e do apartamento processam os familiares da Maria por destruição de propriedade. Ganham. A SIC e a TVI produzem um filme baseado neste caso.
Situação  8: Um menino branco e um menino negro andam à batatada por um ter chamado 'chocolate' ao outro.
Ano 1980:
Depois de uns socos esquivos, levantam-se e cada um para sua casa. Amanhã são colegas.
Ano 2010:
A TVI envia os seus melhores correspondentes. A SIC prepara uma grande reportagem dessas com investigadores que passaram dias no colégio a averiguar factos. Emitem-se programas documentários sobre jovens problemáticos e ódio racial. A juventude Skinhead finge revolucionar-se a respeito disto. O governo oferece um apartamento à família do miúdo negro.
Situação  9: Fazias uma asneira na sala de aula.
Ano 1980:
O professor espetava uma chapada bem merecida. Ao chegar a casa o pai dava-te mais duas porque 'alguma deves ter feito'
Ano 2010
Fazes uma asneira. O professor pede-te desculpa. O teu pai pede-te desculpa e compra-te uma Playstation 3 e vai à escola preparado para ajustar contas com o verdadeiro culpado: o professor.

27/09/2010

A vida num segundo...

Enviaram-me por e-mail. Porque acho que devemos pensar no assunto, aqui fica:
By Pedro Ribeiro Rádio Comercial.

O dia em que aprendi o que é estar morto.
Hoje, estive morto. Senti que toda a vida se escapava pelo ar que, aflito e a custo, respirava, enquanto as lágrimas eram gritadas, louco no carro, os olhos à procura, à procura, à procura.
Morri, ali.
A minha filha deveria sair da Escola de Santo António, na Parede, apanhar uma carrinha do ATL e eu ia buscá-la.
O que é que aconteceu? O cartão da escola, que supostamente controla as entradas e saídas dos alunos, valeu zero. Ela saiu, porque viu uma carrinha de ATL e entrou. Era o ATL errado. Ninguém lhe perguntou o nome, não houve uma chamada, nada. Ela entrou com uma colega e só após duas horas de aflição indizível, comigo à procura dela por todo o lado, é que o telefone tocou. De um "After School", a perguntar se eu era o pai de uma Mafalda Ribeiro, que eles tinham, aflita, a pedir para ligarem ao pai. Aliás foi ela que falou: "papá?"
Durante duas horas, morri. Percorri ruas de possíveis percursos, olhei para todas as sombras, parques infantis, supermercados, escola antiga, liguei para os pais de colegas dela, todos os absurdos e horrores passaram pela minha cabeça, chamei o seu nome, entre choro, em ruas e em todos os recantos da escola. Nada. Evaporou-se. Horrível. Uma tristeza, uma aflição, um horror que nunca mais vou esquecer. E quando o telefone tocou e era ela, aquela voz doce da minha princesa, minha vida, meu ar, meu sopro de vida, eu soube o que era renascer. E desfiz-me em lágrimas de novo, e dali até ao tal After School, que teve a minha filha à sua guarda por engano, até ela pedir para ligarem ao pai, levei um segundo e levei toda a vida. Obrigado meu Deus, obrigado! Estacionei às tês pancadas, voei em passo trocado de nervos, pela rua fora, Mafaldinha, Mafaldinha, Mafaldinha, cego de amor aflito, só há descanso e vida quando a abraçar e estiver tudo bem.
Quando a abracei, e ela, agarrada a mim, me disse, apenas: "Olá Papá" eu soube que tinha renascido. E ela também, coitadinha.
Como cartão de visita da nova escola, estou esclarecido. Tantas referências boas e afinal é isto: no primeiro dia, por maioria de razão, deveria existir um ainda mais rigoroso controlo de entradas e saídas, mas quando cheguei o portão estava escancarado, como deveria estar quando a Mafalda viu uma carrinha do ATL a chegar, estava na hora e ela saiu da escola e entrou na carrinha. Ninguém perguntou nada, ninguém fez nada.
E um ATL mete um grupo de crianças numa carrinha, não pergunta nomes, não verifica nada e só ao fim de duas horas é que, perante a aflição de uma criança de 10 anos a pedir para ligarem ao pai é que se acaba com este horror?
Quando penso na forma como desaparecem crianças, para sempre, todos os dias, penso que esses pais e filhos terão sentido isto, e muitos, mesmo sobrevivendo, morreram para sempre.
Eu tive a sorte de poder renascer.
E sei que, a partir de hoje, ganhei uma nova causa: fazer tudo o que estiver ao meu alcance para contribuir para uma Escola responsável, atenta, segura, onde os nossos filhos aprendem e podemos, enquanto pais, estar descansados.
Quando depois desta tarde de horror, fui buscar o pequeno Gonçalo ao colégio e ele me disse, comprometido, "Papá, parti os óculos a jogar à bola" eu disse para mim: que importância é que isso tem? Nenhuma, realmente, não tem nenhuma importância.
Não podia dizer-lhe que o pai hoje tinha aprendido o que é morrer, e tinha tido a bênção de poder nascer de novo.

26/09/2010

O meu quintal...

O meu quintal é, na verdade, um micro- micro quintal. Mas gosto dele, mesmo assim tão pequenino.
Tem 2 jasmins, um bambu, uma mangueira, um maracujá, um azevinho, algumas outras flores e as aromáticas.
Tem osgas, aranhas, caracóis e... os meus gatos, claro. Já teve um cão, mas esse morreu e agora só a saudade.
Um dos jasmim trepou pelo gradeamento e para  além do cheirinho que liberta serve de habitat para as aranhas.
Ontem dediquei-me a tratar do jardim e, qual não foi o meu espanto quando reparo numa saliência a vir do jasmim. mais aprecia uma manga.
Não sendo eu bióloga mas tendo o jasmim há algum tempo nunca tinha visto tal. 
Será que alguém me pode dizer se é normal um jasmim dar este "fruto"?

25/09/2010

Pablo Neruda: Morre lentamente...


Foto daqui
Morre lentamente
quem se transforma em escravo do hábito,
repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca
Não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente
quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente
quem evita uma paixão,
quem prefere o preto no branco
e os pingos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos,
corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente
quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida,
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
quem não viaja,
quem não lê,
quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente
quem destrói o seu amor-próprio,
quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente,
quem passa os dias queixando-se da sua má sorte
ou da chuva incessante.
Morre lentamente,
quem abandona um projeto antes de iniciá-lo,
não pergunta sobre um assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves,
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior
que o simples fato de respirar. Somente a perseverança fará com que conquistemos
um estágio esplêndido de felicidade.

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Muere lentamente quien se transforma en esclavo del hábito, repitiendo todos los días los mismos trayectos, quien no cambia de marca, no arriesga vestir un color nuevo y no le habla a quien no conoce.
Muere lentamente quien evita una pasión, quien prefiere el negro sobre blanco y los puntos sobre las "íes" a un remolino de emociones, justamente las que rescatan el brillo de los ojos, sonrisas de los bostezos, corazones a los tropiezos y sentimientos.
Muere lentamente quien no voltea la mesa cuando está infeliz en el trabajo, quien no arriesga lo cierto por lo incierto para ir detrás de un sueño, quien no se permite por lo menos una vez en la vida, huir de los consejos sensatos.
Muere lentamente quien no viaja, quien no lee, quien no oye música, quien no encuentra gracia en sí mismo.
Muere lentamente quien destruye su amor propio, quien no se deja ayudar.
Muere lentamente, quien pasa los días quejándose de su mala suerte o de la lluvia incesante.
Muere lentamente, quien abandona un proyecto antes de iniciarlo, no preguntando de un asunto que desconoce o no respondiendo cuando le indagan sobre algo que sabe.

23/09/2010

Matemática


Experimente! Como é que os matemáticos fazem isto?
A matemática tem coisas que nem Pitágoras explicaria. Aí vai uma delas... Pegue uma calculadora porque não dá para fazer de cabeça... 1 - Digite os 3 primeiros algarismos de seu telemóvel (não vale o indicativo 91, 93 ou 96...); 2 - Multiplique por 80; 3 - Some 1; 4 - Multiplique por 250; 5 - Some com os 4 últimos algarismos do mesmo telemóvel; 6 - Some com os 4 últimos algarismos do mesmo telemóvel de novo; 7 - Subtraia 250; 8 - Divida por 2;
Reconhece o resultado???????
 É O NÚMERO COMPLETO DO SEU TELEMÓVEL!
Até amanhã!

19/09/2010

Miguel Torga



Julien Dupré
Gosto de Miguel Torga. Não será dos nossos escritores, o mais popular, porém, tem algo que me encanta. Talvez a sua ruralidade muitas vezes tão bem expressa no que escreve. A sua escrita é simples e sensível 
Miguel Torga nasceu em S.Martinho de Anta-Sabrosa (Vila Real) em 1907 e morreu em 1995.


"(...) Proveniente de uma família humilde, teve uma infância rural dura, que lhe deu a conhecer a realidade do campo, sem bucolismos, feita de árduo trabalho contínuo. Após uma breve passagem pelo seminário de Lamego, emigrou com 13 anos para o Brasil, onde durante cinco anos trabalhou na fazenda de um tio, em Minas Gerais, como capinador, apanhador de café, vaqueiro e caçador de cobras. De regresso a Portugal, em 1925, concluiu o ensino liceal e frequentou em Coimbra o curso de Medicina, que terminou em 1933. Exerceu a profissão de médico em São Martinho de Anta e em outras localidades do país, fixando-se definitivamente em Coimbra, como otorrinolaringologista, em 1941."
Para saber mais sobre o autor clique aqui
Eis alguns poemas de Miguel Torga:


Quase um Poema de Amor
Há muito tempo já que não escrevo um poema 
De amor. 
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza! 
A nossa natureza 
Lusitana 
Tem essa humana 
Graça 
Feiticeira 
De tornar de cristal
A mais sentimental 
E baça 
Bebedeira. 
Mas ou seja que vou envelhecendo 
E ninguém me deseje apaixonado, 
Ou que a antiga paixão 
Me mantenha calado 
O coração 
Num íntimo pudor, 
— Há muito tempo já que não escrevo um poema 
De amor. 

Frustração
Foi bonito 
O meu sonho de amor. 
Floriram em redor 
Todos os campos em pousio. 
Um sol de Abril brilhou em pleno estio, 
Lavado e promissor. 
Só que não houve frutos 
Dessa primavera. 
A vida disse que era 
Tarde demais. 
E que as paixões tardias 
São ironias 
Dos deuses desleais. 

Súplica
Agora que o silêncio é um mar sem ondas, 
E que nele posso navegar sem rumo, 
Não respondas 
Às urgentes perguntas 
Que te fiz. 
Deixa-me ser feliz 
Assim, 
Já tão longe de ti como de mim. 
Perde-se a vida a desejá-la tanto. 
Só soubemos sofrer, enquanto 
O nosso amor 
Durou.
Mas o tempo passou, 
Há calmaria... 
Não perturbes a paz que me foi dada. 
Ouvir de novo a tua voz seria 
Matar a sede com água salgada. 

Prospecção
Não são pepitas de oiro que procuro.
Oiro dentro de mim, terra singela!
Busco apenas aquela
Universal riqueza
Do homem que revolve a solidão:
O tesoiro sagrado
De nenhuma certeza,
Soterrado
Por mil certezas de aluvião.
Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos
E sede antes da fonte.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto.


Comunicado


Na frente ocidental nada de novo.
O povo 
Continua a resistir.
Sem ninguém que lhe valha,
Geme e trabalha
Até cair.

Seguidores...


Caros amigos,
tendo em conta que o meu blogue está sempre a ser atacado com "vírus maliciosos", segundo os entendidos através de alguns "seguidores", vou eliminar este item da barra lateral.
As minhas desculpas.
Um domingo feliz!
Obrigada por continuarem a seguir-me...

18/09/2010

Fila Indiana...



"Para mim os homens caminham pela face da Terra em fila indiana. Cada um carregando um saco à frente e outro atrás.
No saco da frente colocamos as nossas qualidades; no saco de trás guardamos os nossos defeitos.
Por isso durante a jornada pela vida, mantemos os olhos fixos nas virtudes que possuímos presas ao nosso peito.
Ao mesmo tempo, reparamos impiedosamente nas costas do companheiro que está à nossa frente, todos os defeitos que ele possui. Julgamo-nos melhores que ele, sem perceber que a pessoa que está atrás de nós, está pensando a mesma coisa a nosso respeito.
"A vida é como jogar uma bola na parede:
Se for jogada uma bola azul, ela voltará azul;
Se for jogada uma bola verde, ela voltará verde;
Se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca;
Se a bola for jogada com força, ela voltará com força.
Por isso, nunca "jogue uma bola na vida" de forma que você não esteja pronto a recebê-la.
A vida não dá e nem empresta; não se comove e nem se apieda. Tudo quanto ela faz é retribuir e transferir aquilo que nós lhe oferecemos".
Recebido por e-mail...

16/09/2010

O amor não se explica, sente-se...


Seguir em frente...

Sempre achei graça a esta expressão: "Seguir em frente..."
Já a usei para me expressar, já a gritei para mim mesma, em momentos de desespero, já a balbuciei para amigos que julguei precisarem de ouvi-la.
Na verdade a expressão não é mais que uma redundância. Temos sempre que seguir em frente. A forma como o fazemos ou deixamos que a vida o faça é que pode fazer a diferença.
Na blogue-esfera é vasto o número de blogues em que a dor de alguém está patente, pela perda, pela rejeição, por variados motivos. Eu mesma já escrevi muito sobre isso em muitos outros blogues que tive ao longo dos anos.
Para dizer a verdade, escrevê-lo num blogue foi uma forma de fazer a minha catarse. Não sei se foi a mais correcta, a mais digna, a melhor... foi a que encontrei para apagar uma dor indescritível. 
Como é possível não "seguir em frente" quando alguém nos deixa para trás?
Como é possível? Fiz tantas vezes essa pergunta a mim mesma. O que mais me espanta é que o tenha feito de forma  a que todos o ouvissem, ou melhor, lessem, porque na realidade pouco falei do assunto a não ser por aqui, pelo blogue-bairro,  anonimamente...
Ah! como eu queria seguir em frente, apagar aquela dor, aquela ausência... Racionalmente sentia-me ridícula; por sentir tamanha dor por alguém que caminhava feliz, indiferente ao que deixou para trás, como se toda a "nossa" história, que para mim era a minha vida, não passasse de um devaneio...
À noite ao deitar dizia: - Vou seguir em frente!
Mas ao acordar lá estava eu, no mesmo local, a viver a minha história... com a mesma ladainha e com a sensação que era fraca porque não conseguia "seguir em frente"...
O que escrevia, a música que ouvia, o que lia, tudo se resumia ao mesmo. 
Tentar uma nova relação para provar a mim mesma que tinha seguido em frente, era para mim tão violento que se tornava impensável. Era uma afronta, uma traição aos meus valores, a mim mesma.
Julgava eu, tolamente, que não seguia em frente. Como se a vida permitisse tal. A vida seguiu, a um ritmo diferente, tal como a variabilidade dos batimentos cardíacos. A vida seguiu em frente, sim!.
Olho agora para trás e vejo o percurso desta caminhada; o quanto a vida seguiu em frente, muitas vezes indiferente à minha vontade, às minhas preces, mas cá estou. Mais velha, grisalha, sem ele e sem a concretização dos sonhos que planeamos os dois...Até já ponho a hipótese de voltar àquele país que nos uniu, um país que tinha morrido para mim. Lembro-me agora da velha máxima de Lennon "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro.” 
Meu Deus, como foi difícil não ter tomado consciência que a vida se faz para a frente e não para trás, ou não permite um estacionamento.
Sim  a vida seguiu em frente! e sim, é possível voltar a ser feliz! de uma forma diferente, mas igualmente feliz! Mesmo sem que tenhamos tomado consciência que a vida segue sempre em frente... ao seu ritmo.

"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem"
Brecht

14/09/2010

Quando os pedreiros nos dão música...

O prédio que dá para as traseiras da minha casa está em obras. Desde o inicio dos trabalhos até ao fim oiço a música que passa no gravador dos pedreiros (vou esquecer os palavrões e a gritaria). Demis Russos predomina...
Quem se lembra?



11/09/2010

Uma bugiganga para o século XXI


imagem daqui
Se a pulseira do equilíbrio produzisse, de facto, equilíbrio, assim que o seu proprietário a colocasse no pulso pensaria: "Espera aí, acabei de dar mais de 30 euros por uma argola de borracha. Percebo agora que não foi uma decisão particularmente equilibrada. Vou à loja tentar recuperar o dinheiro 
Visão, Quinta feira, 2 de Set de 2010 

De acordo com os últimos dados, mais de 20 mil portugueses já adquiriram a milagrosa pulseira que todos os estudos científicos dizem não funcionar. Não admira. De que serve um estudo científico se a pulseira é ainda mais científica? Um dos responsáveis pela distribuição da pulseira em Portugal revelou ao Correio da Manhã que o segredo está nos "dois hologramas quânticos embebidos numa frequência com iões negativos" que vão "estabilizar a nossa frequência". Quando o jornal confrontou um professor de Física da Universidade de Coimbra com esta explicação, aconteceu o habitual: obviamente invejoso por nunca ter embebido hologramas em iões, o professor disse que aquele paleio pseudocientífico não fazia qualquer sentido. Infelizmente, na comunidade científica é sempre assim: bem podem as pulseiras reluzir nas montras, com os hologramas ainda a pingar iões, que haverá sempre alguém a negar que as nossas frequências possam ser estabilizadas pelas frequências quânticas. A desfaçatez!
Dito isto, devo, no entanto, confessar que sou moderadamente cético quanto às capacidades da pulseira. Não digo que a pulseira do equilíbrio não provoque bem-estar. O que digo é que provoca mais em quem a comercializa do que em quem a usa. Creio que, se a pulseira do equilíbrio produzisse, de facto, equilíbrio, assim que o seu proprietário a colocasse no pulso pensaria: "Espera aí, acabei de dar mais de 30 euros por uma argola de borracha. Percebo agora que não foi uma decisão particularmente equilibrada. Vou à loja tentar recuperar o dinheiro." No entanto, é falso que a pulseira não produza qualquer efeito. Quem a usa passa a empenhar-se numa espécie de proselitismo gratuito, informando os amigos dos benefícios de andar com coisas quânticas ao dependuro. E é possível que a energia despendida nesta tarefa produza efeitos saudáveis, uma vez que explicar um processo fantasioso através de palavras que não se compreendem constitui um esforço notável. 
Pela minha parte, começo a sentir alguns efeitos da pulseira mesmo não a tendo adquirido. A admiração que tenho pelo fenómeno levou-me a agir de um modo que, segundo creio, não tardará em produzir melhoras na minha qualidade de vida. O meu plano é encomendar 50 mil anilhas para pombos a dez cêntimos cada. Depois, mergulhá-las num caldo de iões tão quânticos quanto me for possível, e vendê-las a 30 euros a unidade sob a designação de "O Anel da Temperança". E, anualmente, renovar o stock de charlatanice quântica com novidades. O Colar da Constância, Os Brincos da Estabilidade e A Gargantilha da Harmonia garantir-me-ão, acredito, negócio para a próxima década. Estejam atentos.
Ricardo Pereira

07/09/2010

MÁQUINA DO TEMPO - António Gedeão



O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.

04/09/2010

Não posso adiar o amor para outro século


Maria da Glória, Esperanças renovadas
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa

03/09/2010

Book...


Ah! e quando descobrirem a grandiosidade desta preciosidade...
Certamente que só descansam quando lerem mais e mais...

Porque roubar a infância é crime!

Pluto images
imagem daqui
"Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons."
Carlos Drummond de Andrade"Só havia três coisas sagradas na vida: a infância, o amor e a doença. Tudo se podia atraiçoar no mundo, menos uma criança, o ser que nos ama e um enfermo. Em todos esses casos a pessoa está indefesa."Miguel TorgaTenho saudade da minha infância. Quando as amizades não tinham diferença de cor, classe social e religião. O amor fraternal acompanhava a amizade.A solidariedade,o companheirismo,amor e amizade eram palavras de destaque.Da época que eu não sabia que era tão difícil falar EU TE AMO,que a aparência seria a chave de tudo,que o dodói no coração não se curaria só com um beijinhoAi que saudade do meu tempo de criança...°°Sarah GhilExcertos daqui

02/09/2010

E depois do adeus...

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci
Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz. 
Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim
Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei
Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós
Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi
De novo vieste em flor
Te desfolhei...

E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós 
 Letra: José Nizawww.songcontest.nl

O flautista de Hamelin


O flautista de Hamelin
Irmãos Grimm

Há muito, muitíssimo tempo, na próspera cidade de Hamelin, aconteceu algo muito estranho: uma manhã, quando os seus gordos e satisfeitos habitantes saíram das suas casas, encontraram as ruas invadidas por milhares de ratos que iam devorando, insaciáveis, os grãos dos celeiros e a comida das suas bem providas despensas.
Ninguém conseguia imaginar a causa de tal invasão e, o que era pior, ninguém sabia o que fazer para acabar com tão inquietante praga.
Por mais que tentassem exterminá-los, ou ao menos afugentá-los, parecia ao contrário que mais e mais ratos apareciam na cidade. Tal era a quantidade de ratos que, dia após dia, começaram a esvaziar as ruas e as casas, e até mesmo os gatos fugiram assustados.
Ante a gravidade da situação, os homens importantes da cidade, vendo perigar as suas riquezas pela voracidade dos ratos, convocaram o conselho e disseram: Daremos cem moedas de ouro a quem nos livrar dos ratos.
Pouco depois apresentou-se-lhes um flautista taciturno, alto e desengonçado, e quem ninguém tinha visto antes, e disse-lhes: "A recompensa será minha. Esta noite não haverá um só rato em Hamelin".
Dito isso, começou a andar pelas ruas e, enquanto passeava, tocava com sua flauta uma melodia maravilhosa, que encantava aos ratos, que iam saindo dos seus esconderijos e seguiam hipnotizados os passos do flautista que tocava incessantemente.
E assim ia caminhando e tocando, levou-os a um lugar muito distante, tanto que nem sequer se poderia ver as muralhas da cidade.
Por aquele lugar passava um caudaloso rio onde, ao tentar cruzar para seguir o flautista, todos os ratos morreram afogados.
Os hamelineses, ao verem-se livres das vorazes tropas de ratos, respiraram aliviados. E, tranqüilos e satisfeitos, voltaram aos seus prósperos negócios e tão contente estavam que organizaram uma grande festa para celebrar o final feliz, comendo excelentes manjares e dançando até altas horas da noite.
Na manhã seguinte, o flautista apresentou-se ante o Conselho e reclamou aos importantes da cidade as cem moedas de ouro prometidas como recompensa. Porém estes, resolvido o problema dos ratos e cegos pela sua avareza, reclamaram: “Sai de nossa cidade! Ou acaso acreditas que te pagaremos tanto ouro por tão pouca coisa como tocar a flauta?".
E, dito isso, os honrados homens do Conselho de Hamelin deram-lhe as costas dando grandes gargalhadas.
Furioso pela avareza e ingratidão dos hamelineses, o flautista, da mesma forma que fizera no dia anterior, tocou uma doce melodia uma e outra vez, insistentemente.
Porem, desta vez não eram os ratos que o seguiam mas sim as crianças da cidade que, arrebatadas por aquele som maravilhoso, iam atrás dos passos do estranho músico. De mãos dadas e sorridentes, formavam uma grande fileira, surda aos pedidos e gritos de seus pais que, em vão, entre soluços de desespero, tentavam impedir que seguissem o flautista.
Nada conseguiram e o flautista levou-os para longe, muito longe, tão longe que ninguém poderia supor onde, e as crianças, como os ratos, nunca mais voltaram.
Na cidade só ficaram a seus opulentos habitantes e os seus bem repletos celeiros e bem cheias despensas, protegidas pelas suas sólidas muralhas e um imenso manto de silêncio e tristeza.
E foi isso que se sucedeu há muitos, muitos anos, na deserta e vazia cidade de Hamelin, onde, por mais que se procure, nunca se encontra nem um rato, nem uma criança.

Que um novo flautista apareça pelo nosso país... Um país avarento e que não sabe cuidar e proteger as suas crianças. Veremos amanhã o resultado do mais vergonhoso caso em Portugal: O caso, Casa Pia... seria melhor dizer o caso dos grandes senhores pedófilos, mas isso poderia ser depreciativo...