31/03/2011

Ao longo da muralha

O calor chegou. A natureza desperta a querer dizer-nos que a vida é um ciclo, logo não devemos perder a esperança.
As aves saltitam e voam alegremente.
Faço a minha viagem diariamente por Monsanto. Bonita viagem, sem dúvida!
A minha horta está  a ficar tão bonita...
Hoje estava assim inspirada para escrever um texto inteligente e com algum interesse - pelo menos era a minha intenção...
Depois caí na asneira de ligar a televisão, ouvi sua excelência o Presidente da República e o rol de políticos sem cérebro e sem carácter que habitam o nosso país.
Fiquei sem palavras e pensei neste poema de Mário Cesariny

Ao longo da muralha que habitamos
Há palavras de vida há palavras de morte
Há palavras imensas,que esperam por nós
E outras frágeis,que deixaram de esperar
Há palavras acesas como barcos
E há palavras homens,palavras que guardam
O seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras,surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor

E há palavras e nocturnas palavras gemidos
Palavras que nos sobem ilegíveis À boca
Palavras diamantes palavras nunca escritas
Palavras impossíveis de escrever
Por não termos connosco cordas de violinos
Nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
E os braços dos amantes escrevem muito alto
Muito além da azul onde oxidados morrem
Palavras maternais só sombra só soluço
Só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
E entre nós e as palavras, o nosso dever falar.


Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news03/article.php?storyid=266#ixzz1ICucb1RV
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7 comentários:

  1. Pensou e escreveu um texto inteligente .
    E eu que fiquei sem palavras diante dessa fala sua;
    Tenho me questionado muito a razao do meu mutismo voluntário e descaso pra nao me envolber em debates e leituras árduas.
    quero só poeisa, cansa-me pensar nos excelentíssimos...
    e agora leio aqui : "o nosso dever falar"
    fico aqui a refletir.

    é Outono ,acho que tambem na minha vida.

    abraço

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  2. Escolha acertada, a poesia em vez da demagogia oca e bacoca!!

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  3. Esse não conhece as palavras.
    Nunca se relacionou com elas.
    Usa-as,entre dentes,balbuciadas,como pedras atiradas por alguém que está mal de consciência com a vida.
    Às vezes também por cá aparece,por descuido,logo o enxoto.
    Um abraço,
    mário

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  4. Ultimamente opto por ter a televisão desligada e vou aproveitando o tempo disponivél para ouvir a melodia dos melros que começam a aparecer aos pares...vale mais a pena podes crer.
    Bjs

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  5. Lis,
    são fases por que passamos...
    Bjocas

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  6. Justine,
    mais vale uma má poesia que as palavras de qualquer político...

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