Sempre detestei ter que "fazer conversa" ou "deitar conversa fora" como dizem os brasileiros...
Passa-se o mesmo com a escrita. Não ando inspirada. Faltam-me as palavras. Não consigo falar mais de política, nem da crise, nem de histórias cheias de nem sei o quê, como o caso do cronista e do rapaz que achava que ia para o EUA, ficava hospedado num hotel de luxo, com tudo pago e que isso era tudo gratuito... Nunca ouviu a frase "não há almoços grátis!".
A história do nome da filha de Luciana Abreu e do futebolista também já me cansou por ser cheia, ou vazia de qualquer coisa.
Certamente que o erro está em mim. Os adolescentes têm por hábito acharem cromos todos os que os rodeiam, esquecendo-se que os cromos são eles próprios. Talvez seja o meu caso...
Gostava de escrever algo sobre dignidade, de uma forma simples, mas que as palavras chegassem ao até todos.
Só queria que o meu país tivesse dignidade. Os políticos eleitos defendessem realmente o seu povo; os empregados e gestores dessem o seu melhor para que a produção aumentasse, que as pessoas parassem de se fazer de vítimas e de choradinhos e começassem realmente a trabalhar e não a pedir subsídios. Que os velhos não precisassem de contar moedas para comprar o pão... Enfim, que cada um de nós fosse mais digno.
Só queria que o meu país tivesse dignidade. Os políticos eleitos defendessem realmente o seu povo; os empregados e gestores dessem o seu melhor para que a produção aumentasse, que as pessoas parassem de se fazer de vítimas e de choradinhos e começassem realmente a trabalhar e não a pedir subsídios. Que os velhos não precisassem de contar moedas para comprar o pão... Enfim, que cada um de nós fosse mais digno.
(No outro dia falava com uma amiga que é médica num populoso centro de saúde. Falávamos sobre dignidade - de como a sociedade, leia-se políticos, roubou a possibilidade dos idosos poderem viver com dignidade - e ela disse-me: sabes como vejo a dignidade? - quando peço aos meus doentes para levantarem a camisola para os auscultar, vejo velhinhas com combinações de seda tão passajadas, tão cozidas, mas ainda assim tão arranjadinhas. Levantam a camisola e baixam os olhos, para que não possa ver nos olhos o que o auscultador não deixa transparecer. Depois chegam outras, arrogantes, a gritar, a exigir, sem o mínimo de educação e respeito...).
Também a propósito de dignidade, ou falta dela, falava com uma tia sobre como se vive agora lá na aldeia.
Dizia-me- sabes filha, agora já há um Centro de Dia e há a Associação (e eu tentava perceber o que era a associação...). A associação faz comida barata para os pobres e os velhos. por 2,5€ podes levar uma boa dose para casa.
-E a comida é boa tia?
- eu não vou lá. o tio não quer. Ainda podemos pagar, mal mas cá nos arranjamos. E depois lá ir é triste. Os ricos cá da aldeia enchem a boca que vão lá buscar comida, com cinco euros têm almoço para a família. Como eles são a Menina F; a Senhora M. e etc.. o melhor bocado é para eles, e os velhos ficam com os restos. Ah! a dignidade, pensei.
-Tia, mas a junta de freguesia não faz nada? não deveriam pagar mais pela comida, essas que podem?
- A junta também de lá come!
- tia mas agora que o F. está desempregado porque não vai lá de vez em quando? ah! não, ainda a minha mãe dava voltas na campa se soubesse que a filha andava de mão estendida!
Como percebem, não consigo escrever nada de jeito ou coerente.
Dizem os sábios "quando as palavras que vais dizer não são mais bonitas que o silêncio, cala-te!"
15 comentários:
Eu gostei :)
E não, o erro não está em si...
Não só de palavras bonitas se fazem bons textos.
Eu gostei bastante, acho que todos deveríamos pensar um pouco sobre a nossa própria dignidade.
Beijo
Vês como não precisaste de inspiração?!
O teu post é de uma força!
Abraço
Gostei muito do teu texto.
Gostei do tema e gostei que não falasse mal de ninguém!!!
beijinhos
Com um post destes e ainda te achas sem inspiração?!
Gostei bastante e não te preocupes, andamos quase todos assim, desilusão com o país, com as pessoas, etc...sózinhos não conseguimos mudar tudo mas já fazemos algo pensando como tu.
Beijinhos
Cristina,
Obrigada!
Rita,
e está na nossa mão fazermos da dignidade a opção.
Rosa dos ventos
obrigada!
boa semana!
Papoila,
gostava de conseguir escrever e falar sem dizer mal, só por dizer.
Obrigada Papoila.
Lila,
andamos todos cansados, é verdade. Mas tenho saudades do tempo em que ter um espaço em branco era motivo para que as palavras deambulassem construindo um texto.
Há que respeitar o tempo, porque há tempo para tudo e cada coisa tem o seu tempo.
Sem inspiração??????
Pois, quando se escreve assim para que é precisa a inspiração?
Mas o que escreveste é coerente e com muito jeito!
Obrigada
Esse é o UNICO assunto! Dignidade, honestidade, ética, estes são os únicos assuntos que de facto valem a pena discutir, e devem ser discutidos, como tu tão bem fazes no teu texto. E se nos calamos é temporariamente e por indignação, raiva, impotência - mas a voz acaba por soltar-se!
Oliva,
preocupa-me esta forma que os portugueses encontraram para sobreviverem. São como os pombos, têm asas para voar mas andam sempre a bicar no chão.
Pois é justine,
mas vai passando ao lado das gerações.
No outro dia ouvi uma miúda dos seus 20 e poucos anos com um discurso tão pouco digno que me deu pena e tristeza. "Eu tenho direito, eu tenho direito..." não oiço ninguém dizer que tem deveres...
Não querendo dizer, ou achando que não queria dizer, ou ainda pensando que não conseguia dizer, disse. E muito bem.
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