10/12/2010

Natal à Beira-rio


Reencontrei este poema, por acaso. mesmo sem apreciar o Natal aqui fica:


É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurrecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio.
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava, no cais, à noite iluminado...
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra.
E quanto mais na terra a terra me envolvia
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra.
Vem tu, Poesia, vem, agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme,
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?
 

in "Obra Poética 1948-1988" de David Mourão-Ferreira

3 comentários:

Lilá(s) disse...

É tao lindo o poema, faz-me lembrar o passado com saudade.
Bjs

Isa GT disse...

Este ano nem consigo um pózinho de espírito natalício... deve ser do tempo ;)
Nem com poemas dá efeito ;)

Bjos

RN disse...

Que bonito poema!