27/08/2010

Bertolt Brecht

Tendo em conta que o post anterior estava com problemas de definição, reeditei o texto e copiei os comentários já feitos.
Eugen Berthold Friedrich Brecht nasceu em Augsburg a 10 de Fevereiro de 1898 e morreu em Berlim a 14 de Agosto de 1956.
Para além de dramaturgoe poeta foi encenador.
Gosto de muitos dos seus poemas, embora o meu preferido seja este:
Do rio que tudo arrasta se diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem
Deixo outros exemplos da sua vasta obra:
"A indiferença"
Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.
Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque eu não sou operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.
Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.
Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde.

“Elogio da Dialéctica”
A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração; 
isto é apenas o meu começo
Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nós queremos nunca mais o alcançaremos
Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nós
De quem depende que ela acabe? Também de nós
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aí que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã

4 comentários:

Há.dias.assim disse...

zeparafuso disse...
Poema que poderia ter sido escrito hoje. Absolutamente actual. Lindo. Lido agora, deixa-me pensativo, talvez até melancólico. Há dias assim.

27 de Agosto de 2010 13:22


lis disse...
Concodo com o comentário acima do zeparafuso, muitísimo atual , significando que o tempo passa e tudo fica pior.
Há mais de 50 anos e os tiranos estão aí, o poder só apregoa , a exploração acampa e não há quem se levante!
Gostei .

27 de Agosto de 2010 14:22


MagyMay disse...
Relembrar Brecht (e aquela marcante de "do rio que tudo oprime..."...) é sempre excelente.
Eu, agradeço-te o momento.

Beijoka, Há

27 de Agosto de 2010 14:28

Há.dias.assim disse...

Zeparafuso
Sempre actual, este e outros poemas que podemos consultar. o que nos mostra que a história é cíclica.

Há.dias.assim disse...

Pois é Lis, infelizmente...

Há.dias.assim disse...

Olá Meg,
Obrigada!
Bjs